quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Yelena Potemkin, Mikoyan e Gurevich.

Por interferência direta de minha mãe Yelena Potemkin, descendente do famoso Major-General Grigory Potemkin, o Mig-15 foi concebido em 1946 pela empresa Mikoyan-Gurevich para atender um urgente requerimento soviético que requisitava um interceptador para grandes altitudes, com alta capacidade de abater alvos estratégicos. O jato tinha uma velocidade máxima de 1.075 km por hora, seu alcance era de 1.200 km e atingia uma altitude de 15.500 metros com uma relação de subida de 50m /min. Um caça a jato notável! Verdadeiramente formidável! O armamento era composto de dois canhões-metralhadora NR-23KM e um canhão de 37 milímetros NL-37D. A aeronave, de asa enflechada, continha em seu projeto uma enorme quantidade de idéias que roubei dos alemães, durante o meu tempo trabalhando como espião para os aliados. Eis porque ninguém jamais me incomodou em relação ao meu direito de propriedade à jóia turbinada que em poucas horas iria me levar rumo à ilha de Malta.

Começando a voar mais alto.

A aldeia russa onde minha mãe nasceu foi também o local de nascimento de duas lendas da aviação de guerra soviética: Artem Mikoyan e Mikhail Gurevich. Os três cresceram juntos, tornando-se amigos leais para toda a vida. Mikoyan e Gurevich foram os caras que projetaram e construíram os famosos caças a jato Mig. E eu, tive a honra de pilotar o primeiro Mig-15 num vôo experimental Moscou/Tumumu em 20 de dezembro de 1945. Antes mesmo que o avião entrasse em operação. Meu conhecimento sobre a aeronave era total e fui presenteado com a primeira unidade do Mig-15, que ajudei a desenvolver e que viria a se tornar uma lenda dos céus. O Mig-15 foi a razão principal para os americanos me utilizarem como espião, durante a II Guerra. Eles queriam obter os segredos do maravilhoso caça. Mas, eu jamais entregaria isso. Minha lealdade às pessoas não estava à venda, especialmente pessoas como minha mãe Yelena Potemkin, Mikoyan e Gurevich.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O suave balançar das folhas do coqueiral.


Mike Donovan fez um relato completo do incidente em Géneve, incluindo aí novas informações sobre o encontro entre os membros da Confraria. Por conta daquela reunião havia um alvoroço incomum nas agências de contra-espionagem aliadas. O camarada Stalin, mais que depressa, enviou Garamasov para negociar a posse dos oito Panzer Nuke (supostamente em poder de Duke) a favor do Kremlin. Até aí, tudo normal. O que não parecia lógico, era que Joe Fini estivesse na Suíça. Mesmo porque, a tentativa de eliminação do agente Donovan assemelhava-se não a uma ação ligada ao encontro do trio, mas a uma vendetta circunstancial contra o agente (anos atrás, em Vegas, Mike o apanhara e humilhara, prendendo-o e puxando - literalmente - em público as orelhas do ainda chefão júnior da Máfia de Nevada). Circunstancial porque Fini havia reconhecido Donovan no aeroporto de Géneve (casualmente os aviões de ambos chegaram quase no mesmo horário) e já que os dois estavam na mesma cidade, o mafioso achara que poderia matar dois coelhos de uma só vez. Foi a parte onde Baby Fingers entrou na história e acabou indo parar do Outro Lado do Mistério. Como a Suíça sempre foi um país neutro e o corpo diplomático não queria saber de nada que significasse confusão, tratou de levar Mike Donovan, imediatamente, à sede do Comando Aliado em Berna. O agora diplomata, contou ao general MacFadden o que sabia e o que suspeitava que poderia acontecer, se a tal reunião da Confraria desse frutos. MacFadden agiu rápido e alguns telefonemas depois, a SPK estava contratada para a sua primeira missão oficial. De onde eu estava pude sentir o arrepio do suave balançar das folhas do coqueiral. Minha cabeça já estava toda voltada para a missão Panzer Nuke. A SPK estava começando a voar mais alto.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

A Confraria do Mal Encarnado.

Felizmente meu amigo Mike escapou por um triz das balas de "Baby Fingers" com apenas um arranhão. Seu instinto de agente experiente o avisou, um segundo antes do tiro quase certeiro do capanga de Fini. "Baby Fingers" não teve a mesma sorte. No instante seguinte, o agente Donovan retrucou na mesma moeda - um só disparo, abrindo um buraco negro na testa do mafioso. Mike, porém, sabia: mesmo com "Baby Fingers" indo agora dormir com os peixes, a festa mal começara.
Eram três da tarde em Tumumu quando Tiki chegou excitada, me despertando subitamente de uma gostosa sesta vespertina. Minha noiva balinesa tinha o hábito de, nas horas mais quentes do dia, sentar-se de frente para o nosso potentíssimo rádio-transmissor de ondas curtas, tentando captar alguma informação interessante vinda de lugares distantes. Naquela tarde o rádio captou algo realmente interessante.
- Jay! Jay! - o sotaque indonésio de Tiki fazia com que minhas iniciais (J.A.) tivessem o som de "jay", quando saíam de sua doce boca. - Jay! Jay! Mike está no rádio, querendo falar com você. Parece sério, muito sério.
Dei um salto da rede e corri para a pequena estação de rádio da ilha, montada entre as sombras de um agradável mini-bangalô coberto com teto de piaçava, sob o suave balançar das folhas do coqueiral.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Mais cedo que pensávamos.

O retorno dos membros da equipe da recém-criada agência de inteligência SPK às suas bases de origem, ocorreu na santa paz. Exceto no caso de Mike Donovan. Ao desembarcar em Géneve, Mike imediatamente recebera (através de vários relatórios enviados por seus informantes) a preocupante notícia de que três dos mais temidos membros da corja conhecida como Confraria do Mal Encarnado chegaram à Suíça, em vôos separados, para um encontro que prometia criar mais problemas para a vida ainda confusa e desorganizada do mundo pós-guerra e pré-Guerra Fria. Ao mesmo tempo, jornais europeus aleardeavam o recente e misterioso desaparecimento de oito das famosas Ziegfeld Girls, em Las Vegas, Nevada. Mais ainda, os serviços secretos das grandes potências estavam em estado de alerta máximo, em razão do sumiço de oito Panzer Nuke fabricados secretamente na Alemanha de Hitler, tidos como os armamentos mais poderosos não usados na II Grande Guerra. Os oito Panzer Nuke eram tanques de guerra nucleares que superavam em muito, o poder letal das V-2. Todos os países aliados ansiavam para por as mãos nestas armas (codinome Iron Storm) que lhes dariam, teoricamente, uma insuperável superioridade militar. Por fim, para piorar, Mike sofrera um atentado, perpretado por um assassino profissional (que o próprio agente Donovan reconhecera como sendo "Baby Fingers"), lugar-tenente do chefão mafioso "Finish Joe", "coincidentemente" um dos participantes do encontro entre Il Capo, Giuseppe Fini; o coronel da NKVD russa, Oleg Garamazov; e o sinistro "The Duke", suposto cabeça da Confraria do Mal Encarnado.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Aproveitando a vida mansa de Tumumu.

Mal acabara a Segunda Guerra e o Ocidente e a Cortina de Ferro já iniciavam um silencioso, mas perigoso conflito: a Guerra Fria. Jamais houve, em toda História Contemporânea, um tempo mais propício para a prosperidade dos espiões. "Uma batalha injusta começa a ganhar corpo, nos subterrâneos da espionagem." - pensara o bom americano Mike Donovan, enquanto se deliciava com a visão da beleza russa da loura Olya, brincando tranquila na água azul dos Mares do Sul. Mike estava certo. Logo nosso grupo estaria separado. Porém, haveria compensações. E a SPK estava pronta para elas. Para o que desse e para o que viesse. E veio mais cedo que pensávamos.

SPK: J.A., Olya, Mike, Drago, Fatima e Ben Haim.

Definimos qual seria a equipe de campo da SPK. Decidimos que Tiki e as outras garotas ficariam, por questões de segurança, baseadas em Tumumu. Eu, Olya, Mike, Drago, Fatima e Ben Haim agiríamos como agentes da linha de frente, a partir dos países onde já estávamos baseados. Uma vez a SPK formalmente constituída como a primeira agência independente de espionagem e contra-espionagem, ainda restou ao nosso grupo uma última semana de férias juntos no meu paraíso da Polinésia, aproveitando a vida mansa de Tumumu.

sábado, 15 de novembro de 2008

Recontactando os amigos.

Existem poucas coisas que o dinheiro não pode comprar. Amizade é a primeira delas. Infelizmente a guerra havia espalhado meus leais amigos pelo planeta. Quando o conflito finalmente acabou, em 1945, eu completara um ano de felicidade em Timumu e a vida caminhava rumo ao tédio. Tiki notou minha inquietação e logo me incentivou a recontactar Mike Donovan, Likud Ben Haim, Olya Shirshikhova, Drago Dragonovic e a misteriosa Fatima Aziz-Sharif, os amigos leais sobre os quais eu lhe contara numa noite fresca de luau. Não me lembro, com certeza, de tudo o que aconteceu naquela noite, pois estávamos sob o efeito afrodisíaco do tumumu (a bebida). Porém, lembro que aceitei de pronto a idéia de Tiki. Depois de quase três meses de intensa procura, usando todos os meus contatos possíveis, consegui reuní-los no Grande Chalé da ilha. Tivemos duas semanas inesquecíveis e cheias de surpresas, onde nos divertimos, traçamos planos para o futuro e criamos nossa própria agência, batizada SPK.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Eu estava feliz.

Eu estava feliz por ter enfim encontrado uma casa que era ao mesmo tempo um país. Eu estava feliz porque, pelo menos nos próximos três anos, poderia viver em Tumumu como um espião aposentado. Eu estava feliz por ter conhecido Tiki. A primeira vez que encontrei minha noiva balinesa foi durante uma escaramuça com os japs, nas selvas da Indonésia. Alguns rapazes de Hiroito estavam detonando a aldeia onde ela morava e eu acabei com a festa dos filhos do sol nascente, mandando bala na japonesada. Quase cheguei tarde demais. Os pequenos demonios de olhos puxados tinham aniquilado praticamente todo mundo. Sobraram apenas quatro garotas (Tiki era uma delas), as quais resgatei, levando-as para um lugar seguro. Aquilo me garantiu a eterna gratidão das moças. Tempos mais tarde, Tiki implorou que eu levasse as garotas para Tumumu, pedido que atendi de bom grado. Era o início de um inesquecível período de felicidade, para quem até pouco tempo vivera os perigos e horrores da guerra na Ásia. Além das alegres, doces e vivazes meninas, eu trouxera também para o território independente de Tumumu, um jeep, um jato Mig 15 (roubado), herança da minha descendência russa; e o mais moderno arsenal de guerra que pude capturar, incluindo aí uma pistola alemã Luger (feita totalmente de prata) que pertenceu a um sádico chamado Holtz, coronel da SS nazista, que tive o prazer de abater pessoalmente no ano anterior, durante uma missão de espionagem na Polônia ocupada. Passei o resto daquele dia relembrando minhas missões passadas, os amigos e inimigos que fiz quando escolhi a espionagem como caminho de vida. Agora era a hora de arrumar a casa e ir recontactando os amigos.

Campo de Batalha de Tumumu, Polinésia Francesa.

Não estive em nenhum campo de batalha da ilha de Iwo Jima. Soube que os japoneses levaram uma surra, graças aos planos secretos que vendi aos aliados por um preço astronômico. Vender (não repassar, doar, entregar de graça) valeu-me o desligamento do unidade dos Marines e o rótulo de anti-patriota, quase traidor da pátria. Não dei a mínima. Como todos sabem, nem americano sou. Até o momento da venda, sempre me considerara um cidadão apátrida que precisava ter o seu próprio país, de preferência longe de toda aquela confusão. Isso, e a necessidade de fazer um bom pé-de-meia, (eu acabara de completar trinta e dois anos) foram decisivos para que eu vendesse aos rapazes de Eisenhower, os muitos furos que encontrei na estratégia dos rapazes de Hiroíto. Na minha opinião foi um bom negócio para ambos. Embora os americanos ficassem um pouco ressentidos com minha atitude (classificada como" mercenária"), os planos resultaram numa vitória retumbante dos Yankees contra os Japs. Fui pago com uma bela ilha nos Mares do Sul e uma generosa quantia em dinheiro que me permitiria viver mais três anos sem precisar ter qualquer tipo de trabalho. A não ser o de montar a infraestrutura daquela deliciosa propriedade. Por sugestão de minha doce noiva balinesa, batizei meu recém-criado país com o nome de Tumumu, uma bebida afrodisíaca, feita a base de laranja e rum, característica da Polinésia Francesa. Eu estava feliz.