quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Eu estava feliz.

Eu estava feliz por ter enfim encontrado uma casa que era ao mesmo tempo um país. Eu estava feliz porque, pelo menos nos próximos três anos, poderia viver em Tumumu como um espião aposentado. Eu estava feliz por ter conhecido Tiki. A primeira vez que encontrei minha noiva balinesa foi durante uma escaramuça com os japs, nas selvas da Indonésia. Alguns rapazes de Hiroito estavam detonando a aldeia onde ela morava e eu acabei com a festa dos filhos do sol nascente, mandando bala na japonesada. Quase cheguei tarde demais. Os pequenos demonios de olhos puxados tinham aniquilado praticamente todo mundo. Sobraram apenas quatro garotas (Tiki era uma delas), as quais resgatei, levando-as para um lugar seguro. Aquilo me garantiu a eterna gratidão das moças. Tempos mais tarde, Tiki implorou que eu levasse as garotas para Tumumu, pedido que atendi de bom grado. Era o início de um inesquecível período de felicidade, para quem até pouco tempo vivera os perigos e horrores da guerra na Ásia. Além das alegres, doces e vivazes meninas, eu trouxera também para o território independente de Tumumu, um jeep, um jato Mig 15 (roubado), herança da minha descendência russa; e o mais moderno arsenal de guerra que pude capturar, incluindo aí uma pistola alemã Luger (feita totalmente de prata) que pertenceu a um sádico chamado Holtz, coronel da SS nazista, que tive o prazer de abater pessoalmente no ano anterior, durante uma missão de espionagem na Polônia ocupada. Passei o resto daquele dia relembrando minhas missões passadas, os amigos e inimigos que fiz quando escolhi a espionagem como caminho de vida. Agora era a hora de arrumar a casa e ir recontactando os amigos.

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